maternidade, Moda, Pense  •  07 jul 2020

A construção do amor na gravidez

É óbvio, crescemos com a cultura e ideal romântico de filmes e novelas. Aquela gravidez perfeita, bonita e plena, todo o lado bom da gestação (que sim, tem e são muitos, garanto)… já disse plenitude? Mas uma coisa poucos falam até mesmo nessa geração maternidade desconstruída: a construção do amor. Ele geralmente não vem instantâneo, ele é gradual, mas cresce numa progressão geométrica, como deve ser.

Eu juro, joguei no Google, perguntei pra minha médica se o “problema” era comigo, pois o amor surgiu aos poucos. Não foi como numa novela ou comercial , a ficha demora a cair e diria, ela nem cai, mas vai escorregando, a minha, do alto das minhas 24 semanas, ainda está escorregando suavemente, mas cada vez mais forte. É muito bom.

Quando descobri que estava grávida, chorei. Chorei de emoção, de alegria, mas também de medo, susto, pânico. Lógico que meu trauma da gestação anterior teve um grande impacto nisso, mas a incerteza ronda, parece aquele tipo de relacionamento que você não quer se entregar, se apaixonar. Você precisa conhecer a pessoa antes. Nesse caso, é preciso saber se tem um bebê aí (lembrando que tive uma gravidez anembrionária, o que constitui na não-evolução do embrião e apenas crescimento do saco gestacional), com isso, esperei 7 semanas pra relaxar um pouco. Peraí, achei que ficaria relaxada, que nada, vamos esperar mais um pouco, mais precisamente até o ultrassom da 12a semana que é quando diminui bastante as chances de perda gestacional.

E com o passar das semanas o medo vai até diminuindo, entra sim a alegria e emoção, mas você não consegue pensar em muitas outras coisas, muito provavelmente pelo fato do enjoo vir com tanta força. É aquele turbilhão de sensações, não vou dizer ruins, mas que te deixam apreensiva e um pouco anestesiada.

Eu não relaxei nos 3 primeiro ultrassons que fiz, só no quarto que fui mais tranquila (e olha que era a morfológica, o exame mais completo), pois já estava começando a sentí-la mexer e isso já é um alívio natural e instantâneo. Ver a barriga crescer também a certeza visual que ela está ali e mais precisamente dentro de você. Preciso dizer, é bizarro, mas maravilhoso também.

E sobre a tal construção do amor, ela vem paulatinamente, aos poucos, lentamente você vai sendo tomada por novas sensações, emoções. Você chora, ama, mas você fica muito aliviada. Minha sensação é mais de um alívio, um acolhimento, eu a acolho e ela me acolhe diariamente. Somos protagonistas da construção dessa história e isso sim encanta e atesta o tal do amor.

Não que no início não houvesse sentimento positivo, havia já a sensação de superproteção, cuidado e, sim, a insegurança, mas com o tempo entra também o amor quentinho, às vezes silencioso, mas eternamente progressivo. É assim que me sinto a cada dia, é sempre mais que o anterior e não faço ideia como será amanhã ou quando ela nascer.

Minha ficha ainda está escorregando, mas cada vez mais forte e também suave.

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6 comentários em "A construção do amor na gravidez"
  1. Suzane Bahde
    07 jul 2020 // 16h02

    The! Que pertinente esse post!
    Eu já tinha ouvido falar, pq minha madrinha relatou essa dificuldade. Mas na época minhas tias falavam q ela era ET por isso… Só muito tempo depois minha mãe admitiu que sentiu essa dificuldade só na 3a gravidez (euzinha a caminho).

    um ps: eu fico perdida quando as coisas são compartilhadas no insta e não aparecem no blog! hahahaha o algoritmo do insta é mal, e aqui no seu www eu garanto que acompanho tudinho!! Não deixa de trazer as reflexões, novidades pra cá!!!

    Beijos em vcs duas!!

  2. Aline
    07 jul 2020 // 19h37

    Eu nunca tinha lido um texto sobre gravidez como esse, verdadeiro. Algumas pessoas fazem a gravidez parecer um momento perfeito de plenitude sempre, mesmo a gente sabendo que não é .

  3. Sónia
    07 jul 2020 // 21h06

    Obrigada pela partilha! Nunca estive grávida mas os meus receios são mesmo esses. É bom ouvir que nem sempre as coisas são perfeitas… E não têm de ser. Beijinhos de Portugal

  4. Amandha
    09 jul 2020 // 01h37

    Oiii! Nunca comento, mas dessa vez quis falar!
    Vim aqui dizer que vc tbm foi enganada pelas produções hollywoodianas e pelas Helenas da Globo de que a gravidez é plenitude, andar nas nuvens e conversar com a barriga… rs
    Tem muitas coisas boas, mas não 24h/dia. Essa conexão com o bebê na barriga (na minha opinião) foi irreal e acho injusto esperarem que todas as grávidas sintam isso…
    Então quis vir dizer que achei muito bem escrita a sua descrição desse sentimento. Eu tbm tive que esperar para conhecer pessoalmente antes de conseguir me entregar nessa relação.
    E a espera foi, de tipo, 1 segundo, rs
    Mas precisei ver a carinha dos meus filhos para descobrir que sou completamente louca apaixonada por eles.
    Espero que vc se sinta assim em breve!

  5. Bruxinha
    10 jul 2020 // 07h50

    Eu fiquei tão hormonal na gravidez que eu achava que nem conseguiria gostar da criança quando nascesse! Mesmo quando ela nasceu o tal amor demorou pra surgir. Pra mim ele veio com o dia a dia e o cuidado. As noites insones, as preocupações quando ela adoecia se somaram com as gracinhas e descobertas da época de bebê enfim trouxeram o amor pleno que muitas dizem sentir desde que se sabem grávidas. Acho que a maternidade é diferente pra cada mulher e tem muito tabu e cobrança que impedem até que falemos abertamente sobre, tirando o ar divino quase sacro das coisas. Hoje em dia a minha filha é o amor da minha vida e somos muito amigas, acima de tudo.

  6. Tatiane
    13 jul 2020 // 23h50

    Kkkkk. Exatamente o que senti nas 2 gestações. A primeira eu estava com 34 anos e 12 anos de “casada”( fiquei grávida no susto), todos achavam q era a hora da família aumentar e eu ? Eu não pensava assim , achava q seria mãe somente de dogs ( eram 6 na época). Foi tudo devagarinho, aos poucos, até mesmo fazendo o enxoval eu achava tudo estranho, não acreditava que estava grávida. Loucura neh ?
    E pimba… aos 42 anos (mais um susto) Jesus apavorei, daí mesmo q a ficha não caía de jeito nenhum, amigos e família só ficaram sabendo aos 4 meses de gestação e eu continuando a achar que era tudo ilusão da minha cabeça.
    Mas como tu relatou perfeitamente aqui, os sentimentos vêm aos poucos.
    E hoje, ahhh hoje não vivo sem meus tesouros, são meu ar, meus orgulhos, minhas alegrias, o motivo pra viver.
    Ser mãe pra mim foi como um tapa na cara, um sacode daqueles.
    Aprendi a amar e ser amada, mesmo q aos trancos e barrancos, porque ser mãe em tempo integral não é fácil ( ainda mais em tempos de pandemia, sem escolas).
    Hoje penso diferente sabe, teria antes e teria uns 3 ou 4 kkk… pra quem nunca sonhou em ser mãe neh ?!
    Bjs The e muita saúde pra vcs ❤