Moda, tv  •  21 jun 2023

Sobre a nova temporada de “And just like that”

Vocês sabem de todo meu amor e devoção por Sex & the city! O seriado marcou minha juventude e até transição de carreira (foi o post 000001 do Fashionismo, favor reler o único parágrafo de duas linhas postado dia 26/03/2008 aquie o resto é história pra mim, pra você, pra todo mundo que gosta de sexo, de Nova York, de amizades e looks capotantes.

Dramaturgicamente falando, o seriado original era impecável, sucinto, tinha um bom timing, história e tudo muito bem amarradinho. Os filmes foram deleite pros fãs, lógico que muitos se decepcionaram, mas foram muito bem feitos e uma ode à geração sex and the cityana. Me dei por satisfeira e vida que segue.

Uma década depois, com o retorno no novo formato e com a ausência de Samantha (e Patricia Field, vale dizer), pra mim eles tiraram água de pedra, surpreenderam e transformaram algo que tinha tudo pra dar errado, numa surpresa muito bem feita e viralizada, mesmo com tanta competição e preconceito (“A Carrie envelheceu!!!”).

O plot da morte do Big foi surpreendente e, mesmo que um pouco arrastado e mórbido, os eps eram gostosos de se ver, tinham pautas interessantes, que nos faziam pensar e os novos personagens foram providenciais e boas aquisições.

Dito isso, a esperança pra segunda temporada – que estreou ontem no MAX – era alta!

Mas aí eu me decepcionei e vou elencar 5 motivos.

Muitos personagens

Muuuuitos personagens e alguns desnecessários ou mal elaborados. Lógico que o seriado precisava de gente nova até mesmo pra se mostrar mais atual, inclusivo e com pautas mais contemporâneas. Pra mim, a melhor aquisição da nova era foi a Lisa Todd Wexley (Nicole Ari Parker), ela é a cara do seriado, fabulosa, extravagante e longe de querer parecer ser a nova Samantha, pelo contrário, ela é mais do núcleo da Charlotte o que, inclusive, faz desse duo o mais legal de se ver no momento.

A Seema (Sarita Choudhury) também é legal, exuberante e também gosto do feat dela com a Carrie. Já do lado perdido está a Nya (Karen Pittman) que simplesmente anda perdida desde que a Miranda foi pra Califórnia, pra mim o plot dela foi até constrangedor nesses 2 eps e que tiraram a efervescência do seriado. Mas pior mesmo é o amigo da Carrie e a esposa neo estilista – que são tão insignificantes que até esqueci o nome, totalmente desnecessários e a cena do vestido dando errado me irritou absurdamente. A Carrie impávida, fala sério, inverossímel!!!

Sex and the city sempre foi um seriado enxuto e focado nas 4 e com personagens fixos que agregavam (sempre gostei do Anthony, do Steve, do Harry) e das participações especiais que complementavam a situação e pauta da vez, mas agora não tem isso.

Inclusive o tempo também prejudica a dinâmica, antes eram 30 minutos redondinhos com começo-meio-fim e agora é um embolado desordenado de 40 e poucos minutos. Menos é mais!

Muitas pautas, pouco papo

Pra complementar essa minha insatisfação, as pautas e plots andam não apenas mal elaboradas, como superficiais. Até mesmo assuntos sérios, parecem que estão ali pelo check (como a questão do marido da Lisa ou o abraço em Che) e outros ali encarados de forma boba. O enredo da mulher madura da temporada anterior foi com Deus, uma pena, pois super estava me identificando.

Sem contar o desperdício de plots com alto potencial. Por exemplo, o ep do MET poderia ser incrível, mas se perdeu em trivialidades e encurtado num ep cheio de clichês (todas as mulheres são transonas, a gente sabe). Até o Rodrigo que é desligado (sim, ele assiste comigo rs), não entendeu porque não teve continuação no MET e algo que é a cara de SATC foi tão mal aproveitado.

Pra não dizer que só reclamei, a solução pra roupa delas foi INCRÍVEL. Especialmente a LTW com um Valentino Couture e a Carrie reeditando seu famigerado vestido de noiva. Pena que a cena não teve muito impacto porque já tinha rolado spoiler dela com o vestido, ainda assim, foi um bom momento (que eu ainda tava p* com a costura errada rs).

Miranda perdida na personagem

Eu confesso que curti a revolução da Miranda na temporada anterior. Achei crível e possível uma mulher de 50 e poucos de mudar tudo, casamento, carreira e até gostava de Che. Mas na Califórnia estou achando tudo UÓ, até achava que iam voltar logo no fim do 1o ep, mas não.

A Miranda está perdida, submissa, insegura e totalmente aleatória. Inclusive a cena de uma outra pessoa que ela mal conhecia chamando ela pra recolher lixo na praia foi muito bizarra. Se fosse em Nova York ela acharia que essa pessoa tava levando pra uma emboscada.

Aquela Miranda segura de si, ainda que neurótica, mas parceirona da Carrie, se perdeu totalmente e na segunda temporada aguardo mudanças (de cidade, inclusive), mas acho que vai se arrastar assim.

Carrie Borocoxô

Na temporada anterior era até compreensível a Carrie desanimada, reflexiva, afinal, a mulher perdeu o marido de forma trágica. Achava até que deveria ter rolado uma passagem de tempo e bola pra frente, mas não. Um ano e meio depois do fim da temporada, o tempo seguiu diferente no seriado: três semanas do beijo no elevador se passaram e Carrie segue BOROCOXÔ.

Não é mais animada, parece entediada e meio de saco cheio. Seu ápice de emoção foi entrar no brechó, o que é bem Carrie novo milênio aí ok. Nem pra falar sobre suas partes íntimas ela tava empolgada! Mulher você é célebre por falar de sexo, não pode ficar com pudor ao fazer publi de ppk rs!

A personagem é conhecida por seu egocentrismo (o que eu não acho tão ruim, afinal ela é a protagonista), mas está faltando um pouco de punch por parte dela e de expectativa pra gente. Na temporada 1 era tudo sobre sua reinvenção, se recuperar depois da perda, mas o que será dessa temporada? Vamos ficar esperando uma ligação de 30 segundos com a Samantha? Ou vai tudo nas costas do póbi do Aidan? Quero Carrie impávida colosso correndo lentamente pelas ruas de Nova York tendo experiências privilegiadas e diálogos autocentrados e tudo em looks incríveis.

Figurino aquém do esperado

Enquanto Pat Field estava às voltas com Emily em Paris, a figurinista Molly Rogers – sua discípula – fez um excelente trabalho na temporada de anterior de AJLT. Pra essa nova agora, ainda vai ficar devendo. O vestido esvoaçante couture de LTW foi um ponto vermelho fora da curva de um figurino que ainda não encheu os olhos, sabe?

Lembro que na 1a temp. qualquer lookinho era UAU, impactante, styling perfeito e nessa temporada eu só me lembro de um vestido literal saído da passarela ou do icônico Vivienne Westwood reeditado. É que esses episódios foram tão fracos que nem os lookzinhos compensaram, mas pelas fotos que apareciam durante as gravações, acredito numa melhora.


No mais, acho que o formato é o que mais me incomoda: antes os episódios eram meio “temáticos” e cada uma delas encarava a questão do dia de um jeito, solucionava o problema da outra, ajudava, acolhia, era um sistema bem redondinho e que se resolvia, sabe? No final elas geralmente se encontravam em algum restaurante enquanto a câmera se distanciava e tudo parecia se resolver.

Agora as coisas parecem um emaranhado de informações aleatórios sem desfecho ou, pior, EXPECTATIVA. O que eu espero dessa temporada? Até agora não vislumbro nada de contundente. Se a anterior era sobre reinvenção, essa será sobre o que? Ok, ok, são apenas dois episódios, mas numa temporada de 10, ele já poderia ter apontado pra algo, mas até agora nada.

Vou deixar de ver? Jamais! Mas agora criando menos expectativas dramatúrgicas & fashionistas. Ainda assim é um entretenimento saudável que fornece 40 minutos de quentinho no coração de forma homeopática. Recomendarei sempre!

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