“And Just Like That”, o retorno de Carrie Bradshaw!

And Just Like That compartilho uma curiosidade: você sabia que o primeiro post desse blog que vos tecla, postado no dia 26 de março de 2008, era basicamente o trailler do 1o filme da saga de Sex and The City?! Ou seja, eu tenho muitas razões pra ser apegada a esse seriado que marcou uma geração e tem em sua Carrie Bradshaw uma personagem icônica que atravessa décadas como ícone de estilo e ousadia, afinal, em 1997 não se falava tanto de sexo e relacionamento como plot de um seriado de sucesso.

Corta pros dias de hoje, muita gente diz que  SATC ficou datado. Os problemas de Carrie eram fúteis, não fazia sentido o estilo de vida dela pra quem só escrevia uma coluna num jornal, os temas abordados eram rasos como um pires, a diversidade do elenco era basicamente zero e tudo girava em torno de um grande white people problem. Ok, tudo isso procede, mas eram outros tempos e, não podemos negar, ou podemos abstrair, SATC era um belo de um adorável seriado, com seus altos e baixos, erros e acertos.

Daí depois do seriado, veio o filme e a tentativa de agradar um público ainda fiel e sedento pelas aventuras do quarteto. Foi uma tentativa, digamos, fracassada, apesar de 2 lançamentos, não foi nada memorável, UAU, e muita gente dizia que deveríamos ficar apenas na memória aquele último episódio em Paris.

Aconteceu, vida que segue, cada atriz tomou seu rumo. SJP fez outro seriado, Cynthia Nixon até se candidatou a governadora de NY, mas o que pautou essa entressafra foi a briga declarada de Sarah e Kim, logo, não que a gente esperasse que isso fosse acontecer, mas jamais que um retorno da série estaria nos planos.

Eis que 11 anos depois, quando ninguém pediu, foi anunciado o retorno de SATC, mais precisamente uma espécie de spin-off chamado “And Just Like That”. Ao todo são 10 episódios, toda quinta-feira no HBO Max e, desde então anunciado: nada de Kim Catrall e sua icônica Samantha Jones. Na época das primeiras gravações, fiz aqui um post compartilhando o meu ponto de vista e o quanto estava desanimada, mas na torcida pra saber o que daria esse reencontro de (agora) 3 mulheres em uma nova etapa de suas vidas!

Corta pra quinta-feira, 9/12, apaga o “desanimada”… eu estava EUFÓRICA E ANSIOSA a ponto de 10 da manhã e eu assistindo aos dois primeiros eps e, posso dizer? ENTREGOU QUANDO JAMAIS PROMETEU! Primeiro ponto e agora começarei com spoilers.

QUE FIM LEVOU SAMANTHA

Kim saiu, vida que segue, não dá pra ficar lamentando, a atriz não quis, o show é business e o jogo continuou. Mas, obviamente, foi preciso dar um fim justo à personagem. E, a contar pelos 2 primeiros eps, acho que deram. Poderiam ter a matado, mas enviaram ela pra Londres, ok que a razão de não ser mais a PR da Carrie não fez muuuito sentido pra uma super briga que causou esse rompimento, mas brigou, se afastaram e pronto. Ruim seria ter morrido, pior teria ela ter continuado em NY e as duas nunca terem se encontrado. A cena do ep 2 das flores-você-sabe-onde partiu meu coração.

Achei interessante também que tê-la matado seria o fim pra personagem de fato, mas vai que numa possível próxima temporada ela volte, nunca $e $abe. E também achei que a abordagem um bom paralelo da vida real das duas, a Sam/Kim odiando a Sarah/Carrie e ela ainda tentando consertar as coisas.

DIVERSIDADE NO ELENCO

Muito se falava do seriado com 4 mulheres brancas e ricas e com estilo de vida totalmente fora da realidade e isso foi um dos problemas que essa nova era buscou remover e acho que foi um acerto. Entraram 3 novas personagens, negras e latinas que encaixaram muito bem na história até agora. 

Sarah Ramirez, como Che Diaz, a chefe da Carrie, que agora virou podcaster. A personagem parece bem interessante, engraçada, subversiva e falará sobre sexualidade abertamente e sem pudor. Inclusive a cena sobre o papo de masturbação, que deixou Carrie envergonhada, foi um contraponto excelente pra mostrar que a personagem nem é – e talvez nunca foi – tão prafrentex assim, foi uma ótima sacada.

Também tem a Nicole Ari Parker, como Lisa Todd Wexley, que interpreta uma nova amiga da Charlotte e já fiquei impressionada com os looks, os colares, aliás, o figurino de Molly Rogers (substituindo Patricia Field) foi 10/10, não deveu em nada. 

Por fim, na trinca das coadjuvantes que ganharão destaque, Karen Pittman, como a professora Nya Wallace que vai ter algum plot com a Miranda e já serviu cenas das duas abordando sobre questões raciais. Fun fact: demorei, mas percebi que a Karen também faz outro seriado que amo, ela é a Mia do The Morning Show.

ENVELHECER NA CIDADE

Quando eu postei sobre o retorno do seriado, falei bastante sobre esse ponto de vista delas não serem mais aquelas  jovens out-and-about Manhattan. E o que despertou interesse foi justamente como o seriado mostraria isso e até agora achei ok. Gosto do seriado pelas conversas cotidianas, um bate-papo na mesa do restaurante e sempre aquela reflexão que a gente se identifica, praticamente um Manoel Carlos e Helena, só que nada de Leblon, é Nova York.

A cena da Miranda assumindo os cabelos brancos, a Charlotte julgando e a Carrie incentivando é comum e importa ser mostrada. Mas interessante como mulheres de 55 anos, ricas, vividas e, aparentemente bem resolvidas, ainda tem suas questões e inseguranças derrubando por terra – ou nos fazendo questionar – o ideal de quanto “mais idade, mais sabedoria”.

“AND JUST LIKE THAT… ELE MORREU”

Eu busquei ao máximo fugir dos spoilers soltos durante a gravação, com isso, a cena final do Big… MORRENDO, me chocou, me deixou triste. Foi uma cena muito bonita, apesar de não ter entendido pq ela não ligou pro 190**, o take dela caindo com o tão icônico sapato azul foi bem feita, sutil e potente.

Agora sobre o personagem morrer, eu entendo. Acho que vai ser o turning point pra Carrie finalmente se reinventar, se redescobrir depois de uns 25 anos só com o mesmo plot. Acho que o seriado não faria muito sentido, ou ficaria chato, sendo um casal feliz ou ele traindo ela ou algo que fosse no looping de tudo que a gente já viu.

Essa nova dinâmica vai trazer novas histórias, momentos, plots, será que traz o Aidan de volta? Não procurei saber, mas sei que a Natasha voltará.  Só torço mesmo que pro ep da semana que vem tenha uma passagem de tempo pro seriado não ficar num tom fúnebre.

Os 2 primeiros eps serviram nostalgia, figurino e emoção, que agora se encaminhe praquele ponto de vista cotidiano que nos conecta e faz de SATC aquele guilty pleasure que a gente nem imaginava que precisava mais, mas serviu muito. Que venham mais eps e temporadas!

Gostaram do que viram?!