Gastronomia, Vinho  •  16 jul 2015

VINHOS PORTUGUESES, COM CERTEZA!

Se alguém me perguntar sobre um país produtor de vinhos com grande diversidade de uvas, estilos, tradição e com boas ofertas no mercado brasileiro, minha resposta seria Portugal.

O país vem ganhando a cada ano mais e mais espaço e relevância no universo dos vinhos, seja pela qualidade crescente de seus produtos, seja pela excepcional relação custo x benefício. Assim sendo, é muito comum que consumidores, conhecedores ou não, se apaixonem pelos vinhos da terrinha. A Thereza, por exemplo, adora e já que ela tem várias leitoras portuguesas, por quê não postar sobre o tema?

enoturismo

Tem gente (principalmente acima dos 40) que ainda torce o nariz quando ouve falar de vinhos portugueses. Isso ocorre basicamente por um motivo: na década de 80, antes da abertura dos portos no Brasil, a maioria dos vinhos que chegavam aqui eram de qualidade duvidosa. Portugal, por sua vez, tinha uma enorme produção de vinhos de mesa simples, para exportação e as pessoas acabavam achando um tanto rústicos e sem atrativos. Perguntem para os pais de vocês se eles já tomaram os Periquitas e os Grãos Vascos da vida. Contudo, a produção vinícola portuguesa passou por uma espécie de reforma geral com modernização e posicionamento voltado para a qualidade.

Hoje em dia, seus vinhos exportados são infinitamente superiores e conquistaram mercados super competitivos como o dos EUA, por exemplo. No Brasil não é diferente, é impressionante o salto qualitativo dos rótulos de Portugal que temos atualmente por aqui. Hoje, posso afirmar que são vinhos especiais, de produtores extremamente competentes com visão para o futuro, mas sem deixar a tradição de lado.

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Como vocês podem ver no mapa acima (retirado do site Wines of Portugal, vale visitar o site para entender as delimitações adotadas), Portugal tem várias regiões produtoras, cada uma com suas particularidades. Dá pra encontrar de tudo quando falamos de vinhos portugueses. Climas e solos distintos oferecem as características perfeitas para a elaboração de rótulos com estilos diferenciados que representam muito bem suas regiões de origem. A região do Douro certamente é a mais conhecida, principalmente pela fama alcançada pelos vinhos do Porto, que ao contrário do que muitos imaginam, não são produzidos no Porto (adquiriram esse nome, pois os vinhos eram despachados no Porto para exportação). É um Vinho Fortificado que recebe adição de aguardente vínica, por isso tem um teor de álcool mais elevado e é a combinação perfeita para sobremesas e queijos fortes no final da refeição.

Contudo, o Douro é também a região mais famosa do país para vinhos de mesa. De um bom rótulo do Douro você pode esperar por um vinho elegante com aromas florais, de frutas negras em compota e muita elegância.

Outra região incrível e muito apreciada por consumidores brasileiros é a do Alentejo, mais ao Sul, com um clima ensolarado produz vinhos exuberantes e concentrados. O Dão, que por muito tempo ficou em segundo plano no quesito qualidade, atualmente tem sido responsável por vinhos maravilhosos com muita sutileza e aromas vegetais que encantam. Eu, particularmente sou fã da região da Bairrada, que utiliza a uva Baga para fazer vinhos que transbordam mineralidade e são perfeitos para harmonizar com comida. Enfim, tem muita coisa boa e todos anos, regiões que antes não tinham tanto prestígio ressurgem com produtos de alta gama, resultado do trabalho de enólogos competentes que investem em tecnologia e buscam em cada pedaço de terra as melhores condições para a uva brilhar.

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Portugal é sem dúvida um país com uma infinidade de castas nativas. É impossível citar todas, mas podemos dizer que a Touriga Nacional é a mais emblemática. Plantada em todo território português, é uma uva que pode gerar vinhos muito elegantes, complexos e perfeitos para envelhecimento, principalmente no Douro, onde ela é rainha, e é geralmente misturada com outras cepas como a Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Amarela e por aí vai!

Além disso, temos as uvas alentejanas, que também são plantadas em outras regiões, porém alcançaram fama nos vinhos do Alentejo. A Alicante Bouchet, por exemplo, é uma cepa considerada tintureira, pois tem um suco muito escuro e produz vinhos quase negros. Geralmente são vinhos exuberantes, cheios de vida com muito corpo, ótimos pra quem gosta de um estilo “pancadão”. É normalmente misturada com a Trincadeia, Aragonês, Alfrocheiro, assim como com as internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Petit Verdot… Isso mesmo, Portugal além de produzir excelentes uvas nativas, também adota castas de outros países e o resultado é a mais pura diversidade de estilos. Para os brancos uvas como Alvarinho, Antão Vaz, Arinto, Encruzado, Malvasia são apenas uma pequena amostra de nativas, mas é fácil encontrar um Chardonnay ou um Sauvignon Blanc por lá.

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Aconselho a quem puder, visitar as regiões vinícolas de Portugal. Eles são bem voltados para o turismo e as visitas podem ser uma experiência única. A gastronomia é maravilhosa e os preços convidativos. Na Europa, é difícil encontrar outro lugar onde se coma tanta qualidade por preços tão convidativos.

Agora pra quem quer se aventurar pelos vinhos portugueses, aqui vai uma pequena seleção de vinhos que eu conheço e que são fáceis de agradar o paladar:

Tapada do Fidalgo Reserva 2011, Alentejo: Clássico alentejano produzido com as castas Alicante Bouchet, Trincadeira, Aragonez e Castelão, envelhecido por 12 meses em carvalho é um vinho macio, frutado e com um toque de pimenta delicioso. Por volta dos R$60.

Cabriz Colheita Selecionada 2012, Dão:  Elaborado com Touriga Nacional é elegante, leve e com aromas de morangos frescos e flores. Por volta de R$50.

Assobio 2011, Douro: Corte de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz é um vinho de excelentes avaliações da crítica, muito frutado, concentrado, floral e na boca é redondo e persistente. Ótima compra por R$60.

Quinta de Pancas Branco 2013, Alenquer: Feito com Arinto, Sercical e Chardonnay é um branco fresco com baixo teor alcóolico, cheio de frutas como pêra e maracujá, refrescante e com ótima acidez. Custa R$38 na wine.com.br

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Os vinhos acima podem ser encontrados na maioria dos mercados e o peço pode variar, com exceção do Quinta de Pancas que é exclusivo da Wine.

Não se assustem caso se deparem com nomes curiosos de rótulos como por exemplo: Monte dos Cabaços, Chão das Rolas, Quinta da Rapariga :] Portugal tem muito desses nomes para vinhos e de forma alguma isso quer dizer que os mesmos não sejam bons, muito pelo contrário, os três que mencionei são espetaculares.

Espero que tenham gostado e se interessado a procurar por vinhos portugueses, garanto que vai valer a pena. Se os leitores de Portugal tiverem outras sugestões ou histórias, vou adorar ler e quem tiver alguma dúvida, só perguntar.

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24 comentários em "VINHOS PORTUGUESES, COM CERTEZA!"
  1. 16 jul 2015 // 19h00

    Oi, bem nem sei o que dizer, quando vi um artigo sobre o meu pais e os vinhos portugueses fiquei feliz, mas quando vi o mapa fiquei triste,
    O porto, uma das regioes mais conhecidas não só pelos vinhos mas pelo turismo está marcada do lado errado.
    Nos não temos fronteira com a Espanha que é desse lado do mapa.
    O porto fica do mesmo lado de Lisboa, tem praias!
    E a Madeira e Açores tambem não são desse lado do mapa, ai é Espanha e mediterraneo…
    A grande maioria dos vinhos do Porto sao sim feitos aqui no Porto, nas caves tambem.

    • Rodrigo
      16 jul 2015 // 19h46

      Olá, Joana.
      O mapa foi retirado do http://www.winesofportugal.info/pagina.php?codNode=18012&market=1
      O que aparece como Porto, na verdade é a região de produção de vinhos do Porto e não a cidade do Porto.
      Quanto aos Açores e Madeira, foi o encaixe que foi dado para facilitar a visualização (tipo quando o Alasca ou Havaí são colocados geograficamente no mapa dos EUA) .
      Obrigado pelo comentário.

  2. Natália
    16 jul 2015 // 19h18

    Oi, Rodrigo
    Sempre leio os seus posts e adoro me aventurar. Às vezes acontece d’eu não gostar tanto de um vinho, mas tudo bem, faz parte experimentar vários tipos.
    Venho relatar que, por indicação de um casal amigo, comprei um rosé Casal Garcia e acredito que está entre as piores coisas que já bebi na vida!
    Sempre cheiro a rolha, mas como ele é de tampa, eu resolvi sentir o aroma da boca da garrafa mesmo e… senti um cheiro terrível de cc! Bravamente resolvi tomar e parecia que eu estava bebendo chulé. Juro!
    Como pode isso.
    Outras pessoas disseram que o cheiro não era dos mais perfumado, mas que eu estava exagerando e que inclusive era melhor do que um Carmenère que tbm estava na mesa.
    No Vivino, só elogios: taninos macios, bom vinho para o dia a dia, agradável, fácil para iniciantes, etc.
    Tive uma reação extrema a esse vinho e gostaria de saber se isso é comum.
    Abraços.

    • Rodrigo
      16 jul 2015 // 19h59

      Olá, Natália. Obrigado por relatar sua experiência. Isso é muito comum e vc descreveu muito bem as sensações desagradáveis que teve, parabéns. Alguns vinhos podem apresentar esses aromas sim, e se foi isso o que vc sentiu então é isso que vale, independente das avaliações no Vivino. Confie sempre no seu paladar, afinal quem está degustando é vc. Eu particularmente nuca tomei o Casal Garcia, mas se vc gosta de Rosés, tente o Félix Solís Caliza La Mancha DO Rosé,ou o Crios Rose de Susana Balbo, ambos da wine.com.br e se gostar de algo mais docinho pra esquecer o gosto de chulé rsrs, tente o Barefoot White Zinfandel.
      Abs.

    • Bibi Moreira
      17 jul 2015 // 00h08

      Olá Natália. Morei em Portugal por 7 anos, e na região onde eu morava (Braga) o Casal Garcia era dos vinhos mais vendidos e baratos. É um vinho verde de qualidade mediana. Acho que as únicas pessoas que apreciam vinho verde são as pessoas daquela região com aquela característica de uva. Acho horrível, fujo de qualquer rótulo que diga “Vinho Verde” e não recomendo a ninguém.
      Esta semana, fui à festa da Queda da Bastilha aqui no Rio, descobri um ótimo rosé que é de Montpellier chamado a Brigitte. Vende no site: http://www.abrigitte,com.br

    • Natália
      17 jul 2015 // 12h12

      Nossa, me senti aliviada!
      Obrigada, Rodrigo e Bibi. Vou testar as recomendações de vocês, já estão anotadas! =)

  3. Sara Nascimento
    16 jul 2015 // 19h50

    Esse mapa da Península de Setúbal, especialmente no que toca a vinhos, está mt errado. A zona vinicola da Península de Setúbal fica bem em baixo de Lisboa e não quase no Alentejo.

    http://www.infovini.com/images/rotas/rota_costa_azul.png

    • Rodrigo
      16 jul 2015 // 20h26

      Olá, Sara.
      Obrigado pela observação, mas se vc olhar bem verá que a seta aparece saindo do sul, mas a região se estende até bem perto de Lisboa.

  4. 16 jul 2015 // 20h05

    Tá se superando Rodrigo! Ainda sou nova (21) e tô começando a me aventurar no mundo dos vinhos por agora. Seus posts super me incentivam hahaha.

    Quero posts assim de mais países!

    • Rodrigo
      16 jul 2015 // 20h26

      Olá, Letícia.
      Fico muito feliz em saber.
      Abs.

  5. 17 jul 2015 // 10h26

    Olá, Rodrigo! Morei em Lisboa por quase um ano e meu marido é apaixonado por vinhos. Eu adoro os da Cartuxa (Évora). O preço é um tanto quanto puxado, por isso não vale a pena comprar aqui, mas fica a dica para quem for visitar a terrinha! Pra quem gosta de branco, o Tons tem um preço ótimo e já foi eleito o melhor na categoria de vinhos portugueses até 5 euros! Enfim, adorei o post e deu muita saudade de lá! Um abraço!

  6. danny
    17 jul 2015 // 15h37

    Oi Rodrigo! Adorei o post! Mas senti falta da vinícola Esporão, os vinhos deles são excelentes e o Alandra é um dos melhores vinhos de mesa portugueses, tanto o branco quanto o tinto! Recomendo para o casal! ;)

    • Rodrigo
      23 jul 2015 // 01h17

      Olá, Danny.
      Eu também sou fã dos vinhos da Esporão. O Assobio que eu indiquei no post é produzido no Douro pela Quinta dos Murcas que pertence à Herdade do Esporão. Tem o selo de qualidade deles!!
      Abs.

  7. 17 jul 2015 // 17h32

    Ai que Saudades que me deu de Portugal agora.
    Muit bom o Post, Rodrigo!

    Beijos,
    Mani Piñeiro

    • Rodrigo
      23 jul 2015 // 01h09

      Obrigado.
      Abs.

  8. Tata
    18 jul 2015 // 15h22

    Tem um vinho Alentejano bem baratinho, que vende em supermercados mesmo, que experimentei por pura coincidência, quando ainda morava lá… O nome: Encosta de Formigas. Todas as pessoas a quem indiquei gostaram muito. Recomendo. De resto, parabéns pelo Post. Fico muito feliz quando vejo que as pessoas adoram Portugal, que considero também como meu país. É um lugar lindo e que merece a visita, mais não seja para provar os vinhos maravilhosos. :kiss:

    • Rodrigo
      23 jul 2015 // 01h06

      Obrigado.
      Certamente Portugal é demais e vale a visita.
      Abs.

  9. Ana Paula
    19 jul 2015 // 15h41

    Oi Rodrigo, achei muito bom o post, mas senti falta da indicação de vinhos do Porto. Me ajuda

    • Rodrigo
      23 jul 2015 // 01h04

      Olá, Ana.
      Acho que tenho duas indicações que vc pode gostar. Os vinhos do Porto da Taylor’s são muito bons, indico o Fine Tawny e o Fine Ruby. Estão na faixa de 60 ma wine.com.br. Eles tem um estilo mais leve e funcionam bem como aperitivos e no final das refeições com queijos e sobremesas. Se quiser algo mais docinho vai no Tawny.
      Abs.

  10. Raíssa
    24 jul 2015 // 14h47

    Quinta da Rapariga ou Rapariga da Quinta? :P
    Ótimo post, Rodrigo! Sou super adepta de vinhos portugueses (principalmente alentejanos) e já quero provar o Tapada do Fidalgo.

    • Rodrigo
      25 jul 2015 // 20h59

      Olá, é Rapariga da Quinta mesmo.
      Pode provar o Tapada do Fidalgo que vc vai adorar.
      Abs.

  11. Luciana
    24 jul 2015 // 22h16

    E o Pera Manca?? Vale o preço mesmo? Ja tomei o branco e é muito bom, mas quero experimentar o tinto.

    • Rodrigo
      25 jul 2015 // 20h58

      Olá, Luciana.
      Já tomei os dois, são vinhos top de linha. Há também um outro alentejano maravilhoso que é o Mouchão, ele é menos da metade do preço do Pera Manca Tinto. Se encontrar da safra 2007, vc não vai se arrepender.
      Abs.

  12. Andressa
    26 jul 2015 // 16h12

    The, tive um ideia: porque você não faz, intercalado com a coluna do “Vinho de Quinta”, o “Champanhe de Quinta”? Bjosss.. A coluna é muiiito boa!!