Comportamento, Compras  •  21 jan 2022

Consumo inconsciente: Viciada em comprar

Eu nunca fui viciAAAda em compras. Sempre me considerei uma pessoa comedida, tranquila e meus gastos mais “aleatórios” iam mais pro lado de comida/gastronomia (alô, taurina) ou viagem do que com roupas e acessórios e olha que >blogueira aqui<. Lógico que sempre fiz boas comprinhas, já comprei minhas bolsas amadas, tenho gostado de comprar mais joias, mas nunca foi uma coisa frequente ou de impulso, mas sim de ocasião especial, mas tudo mudou.

Culpa de quem? Da pandemia. Ok, minha, mas a pandemia e meus hormônios (gravidez) viraram uma chavinha em mim rs bem nervosos. O que eu acho engraçado, e esse post é mais em tom de desabafado do que “dica”, é que com o advento da tal pandemia, muito se falou em “consumo consciente” e que nossa forma de consumir moda mudaria… balela, eu não sei se já estou (estava) no nível da compulsão, mas o fato de ficar quarentenada em casa muita coisa mudou.

Volta pra 2020, início da pandemia, todo mundo trancafiado em casa mesmo e eu no começo da gravidez e um mix de euforia e apreensão. O que uma mulher grávida tem que fazer? Sim, construir um enxoval de uma pessoinha em vias de nascer e isso foi quase um gatilho pra eu começar a comprar e comprar. Ok, tudo tinha uma razão, um propósito, daí vem uma extra ali, um exagerinho acolá, um pensamento tipo “ah vai ser a única filha que terei”. Daí meu lado arquiteta exacerbado e fazendo o quarto que tinha em mente sem precedentes, mas com algumas restrições pandêmicas.

Eis que comprei 95% do enxoval/decor da Maria Eduarda em casa. Virei Prime da Amazon, Nível 6 do MercadoLivre e eu comecei a criar um hábito que não tinha TANTO… o de comprar online. Eu costumava comprar, mas aquilo que não tinha opção do ao vivo, pois eu gostava de ir ao shopping, mas daí virou tudo online, fácil e eis que vi meu cartão cadastrado automaticamente em várias lojas kkkry.

Veio 2021, Maria Eduarda em meus braços e mais uma season de Cov1d e novas sensações: COMPREI PQ MERECI. “Poxa, uma pandemia toda em casa, tudo direitinho, ainda estou puérpera, baby blues e num trabalho de resiliência de amamentação… eu mereço comprar essa tranqueirinha sim”

E foi assim que segui comprando e comprando, futilidade, aleatoriedades, puts troquei meu carro, várias cores de máscaras, a gente não vai sair dessa pandemia mesmo, prime no rappi, a fralda acabou, comprei uma bolsa second hand numa live shopping, não vou viajar pra fora tão cedo.

Aí a gente entra numa ESPIRAL DE SENTIMENTOS E COMPRAS. Eu me dava justificativas e elas pareciam bem justas. Eu me compensava com compras. Autoindulgência. Madrugada acordada com a pitchulinha que dorme pingado? Uma comprinha pra me fazer um afago. E por aí vai no looping.

Daí entrou uma outra etapa dessa mente vazia, mas carrinho lotado: o das trocas. Fiquei viciada, ou necessitada mesmo, em trocar. Muito pelo fato de certas compras virtuais de fato não funcionarem, lá estava eu indo aos correios com 3 ou 4 caixas pra fazer a devolução. Um belo dia eu devolvi uma esteira que comprei (era bem ruim mesmo). E isso acrescido pelo fato de não querer entrar nos provadores, algumas vezes eu comprava meio que imaginando a possibilidade da troca. É quase que uma sensação de bônus, um vale presente feito por você mesma. O detalhe é que a cada troca a gente sempre dá aquela diferencinha básica. O auge veio no Natal, Rodrigo me deu uma bolsa YSL e eu troquei hehehelp

Lógico que é uma fase, eu não me endividei nem nada, sei que o fato de ficar em casa por muito tempo e com um bebê recém nascido é passível de certas disparidades sim e cada uma com a sua. Eu sou empática comigo mesma (pq se eu não for quem vai ser, né), mas acho curioso que no final das contas a pandemia não nos fez necessariamente refletir no que diz respeito ao consumo. Se, de fato eu viajei menos e saí menos pra jantar, busquei compensar de outras forma e cada um age vem reagindo de um jeito.

Tem gente que perde o sono, tem gente que ~desconta na comida (início de ano eu fiquei viciada em bombom vermelho da Lindt, o que graças a Deus passou), tem gente que se entrega até a um novo lifestyle, religião, esporte, projeto. Acho que vai da gente entender nossas falhas, momentos e o quanto somos capazes de nos permitir, perdoar e seguir em frente com menos julgamento e mais equilíbrio!

Nesse início de ano prometi ajustar minha energia em novos projetos, não apaguei nenhum app de loja, mas deletei todos os cartões registrados, vez ou outra vou me permitir ok, mas sinto que preciso sair do automático, das justificativas e fazer qualquer coisa de forma mais consciente e menos no impulso.

Há um tempo havia me desligado dos preceitos do Mindfulness, mas comecei a reler o livro Atenção Plena e já foi eficiente em me sentir reconectada, evitar justificativas e me entregar mais ao momento presente e, acima de tudo, consciente.

Anterior
Próximo
Comente Aqui

6 comentários em "Consumo inconsciente: Viciada em comprar"
  1. 21 jan 2022 // 14h46

    Eu brinco que esse sentimento espiralado é falta de atenção, sabia? Eu fui assim na pandemia com a comida, um pouco com compras de papelaria, mas especialmente com exageros e autoindulgência na comida. E era tudo muito orgânico isso de não prestar atenção, porque minha atenção era toda no celular – horas e horas de twitter, tiktik, insta e joguinhos. Quando não tinha mais nada pra ver, eu começava a ficar irritadiça. E tudo isso sempre com uma comida junto.
    Aí esse ano decidi que a limitação do celular é fundamental pra eu parar e prestar atenção no que interessa. Comecei a dar atenção para a comida – antes de comer penso nas cores, observo, sinto o cheiro, fecho os olhos para saborear. Aí toda refeição é especial e eu não preciso de um chocolate pra fechar ou exagerar para me satisfazer. Não li o livro que você indica, mas vou buscá-lo, gostei da ideia. Beijo!

    • Érica
      23 jan 2022 // 14h04

      Amei o post, adoro suas reflexões. Engraçado que acho que eu fui o tipo que me enfiei na comida e no trabalho, ganhei quilos a mais e um transtorno de ansiedade (já tinha mas piorou). E agora que tô olhando mais pra compras, principalmente pra casa e skincare, até comecei a me maquiar mais. Vai entender. As compras nos dão um prazer muito imediato, a gente se sente no controle, é bem foda. Mas tenho fé que a gente consegue ressignificar tudo isso.

  2. Maria Marta Brito
    22 jan 2022 // 19h36

    Nossa, entendo perfeitamente!! Sentia te um alívio lendo o post.
    No meu caso comecei comprando coisas para casa (de espátulas de cozinha a vasos de porcelana) e agora estou na fase dos vestidos intermináveis – porque está muito calor no Rio né! Kkkkkk

  3. Juliana
    23 jan 2022 // 15h19

    Oi The! Ahhhh…. Ja passei por isso umas 2x. Na segunda vez, eu pude reconhecer este vício de forma mais clara do que da primeira. No meu caso era ansiedade, causada por varias questoes (cansaço tambem!!) e insatisfacoes mais ocultas, temporarias ou nao, que todas nós temos! E o gatilho das compras era muito relacionado a não perder lançamentos, promoções, oportunidades, cupons… algumas compras online eram excelentes, e outras, decepcionantes, de má qualidade, ou que eram ou vestiam bem diferente das fotos, tamanhos inconsistentes, produtos enviados com defeito (aqui no Brasil este controle é pessimo), o que me trazia um sentimento de arrependimento e frustracao, pessimo! E pagar por aquilo no fim do mes, apesar do meu salario me permitir nao ter preocupacao alguma com isso, era o fim da picada. Me sentia pagando para ficar frustrada! Comecei entao a colocar desafios, bobos mesmo, do tipo: bater recorde de menor valor de fatura no ano, recorde de dinheiro investido por mes, este tipo de coisa. Isso me fez mais vigilante e ter mais consciencia dos meus gastos (a toa!). Hoje continuo comprando online, mas escolhendo muito melhor, e bem menos coisas. Quando me bate uma irritacao, cansaco ou tedio, que me faria entrar em sites ou apps para “passar o tempo”, mas que nos fazem achar coisas teoricamente legais para comprar hahaha, eu pego um livro, ou ligo netflix, ou se nao quiser prestar atencao em nada, jogo ate um joguinho de celular qualquer.
    E olha, tenho um filho de 4 anos, e essa ocupacao constante e o cansaco cronico viram a nossa cabeca!!! O mindfulness vai te ajudar muito a voltar para os eixos.
    Beijinhos e obrigada pelo relato, adoro sinceridade.

  4. Renata
    23 jan 2022 // 16h25

    Recomendo que vc leia “E se eu parasse de comprar?”, da Jô Moura. Talvez te ajude a refletir sobre o tema. ;)

    • Mariana
      06 fev 2022 // 23h51

      The, obrigada por esse post! Esses dias eu virei para as minhas amigas e perguntei se elas estavam gastando mais agora do que antes da pandemia. Todas elS me responderam que não. E eu? Vivendo de compras online (algo que eu evitava sempre que possível, prefiro ver ao vivo)! Também me dei o prazer de compras itens mais caros com a mesma justificativa de “eu mereço”. Me identifiquei demais com o post porque eu também não entrei em dívidas, mas meu eu de 2019/2020 jamais gastaria como eu estou gastando hoje. Enfim, prometi para mim mesma que esse ano vou voltar a pensar antes de comprar algo! E me concentrar em algo mais saudável como: esportes ! Um beijo!!!