Moda, Pense  •  08 fev 2017

A Vogue América quer conversar sobre diversidade

Devemos ler. Em tempos de empoderamento feminino e desconstrução em todos os temas e aspectos da sociedade, é no mínimo ignorante a pessoa não parar, pensar e se questionar. Sei que tem correntes do feminismo que afirmam que não devemos aceitar ~migalhas e que as coisas devem mudar radicalmente e não aos poucos, mas no final sabemos que cada indivíduo tem seu tempo e chegou a hora da Vogue americana abrir espaço pra diversidade. Atrasada? Sim. Desnecessária? Jamais. E o assunto vem com capa e recheio da edição de março divulgada hoje, vamos às fotos e fatos.

A capa grupal (amo capas grupais) já começa um pouco diferente: modelos, ao invés de celebridades. A revista tem cada vez menos dado capas à modelos (só quando chega ao nível Gisele, err Kendall e cia), daí quando surge uma capa assim já é pra glorificar de pé aos amantes da revista. Mas essa capa carrega muito mais simbolismo, pode ainda não ser o ideal, mas um avanço comparado ao que víamos 3 anos atrás. Vamos ao casting: Liu Wen, Ashley Graham, Kendall Jenner, Gigi Hadid, Imaan Hammam, Adwoa Aboah e Vittoria Ceretti.

Sim, precisamos falar sobre Ashley Graham. A modelo plus size mais famosa do mundo, finalmente, conquista sua primeira capa de Vogue e é um reconhecimento importante pra ela e também pro esforço da Vogue em parecer ser mais inclusiva. Se isso é legítimo ou apenas pra surfar na onda da vez, será que de fato importa? Certeza que Ashley está amando esse momento, assim como o séquito de meninas que se inspiram na sua personalidade e, ok, curvas!

E a matéria ainda tem uma citação dela muito pertimente, “67% das mulheres americanas vestem 14 ou mais. Talvez vocês podiam ignorar esse público antes, mas agora, graça às redes sociais, estamos fazendo essas vozes serem ouvidas. Mulheres estão fazendo que as marcas criem o que elas querem vestir e ser”. Será que os estilistas que ilustram os editoriais e campanhas vão aumentar a grande de roupas? Já tá na hora!

Além da Ashley, Liu Wen, modelo chinesa, sempre presente em desfiles e editoriais também ganha sua primeira capa de Vogue US. Imaan Hammam é modelo negra e holandesa de ascendência marroquina. Adwoa Aboah é conhecida não só pelas suas lindas sardas, mas também por promover mensagens sobre femininismo, igualdade de gênero e outros assuntos relevantes, tudo na sua #letsgetgurlstalking, típica modelo que vai além do carão e feed perfeito no Instagram. E Anna Wintour ainda abre espaço pra nova geração, com a italiana Vittoria Ceretti de apenas 18 anos.


Onde que as americanas Gigi Hadid e Kendall Jenner entram nessa dita diversidade? As tops, que a mesma medida que causam comoção, geram questionamentos, estão aí pra mostrar o “american way of life”. Mas segundo a autora do texto da matéria, Maya Singer, elas vão além e fazem parte dessa inclusão que a internet proporcionou e a revista vem endossando, meninas relativamente normais, com star quality e redes sociais abarrotadas de gente (e ok, sei que vocês estão pensando, bons contatos).

A matéria parece muito interessante e, além da visão da jornalista, eles convidaram vários estilistas para falarem sobre esse novo modus operandi da moda e como eles vem se encaixando nesse novo padrão… ou seria ausência de padrão?! E o final é importante, “cada uma dessas garotas tem uma tipo de beleza bastante particular, mas juntas representam uma importante mudança social: a nova norma de beleza é não ter norma”.

Curtiram a capa e esse novo movimento da Vogue? Será que isso se tornará comum ou coisa de uma edição só? Bom, só os outros meses dirão, mas torço que sim, a gente sempre quer mais!

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20 comentários em "A Vogue América quer conversar sobre diversidade"
  1. 08 fev 2017 // 16h22

    Ai gente vou ser polemicona,não pra “causar” mas é pra gente ficar atenta.Amei o texto da Thê e concordo que estamos abrindo o caminho “na toramente” pela inclusão na moda e tantas outras esferas da vida.Afinal já estamos em 2017 e não dar pra ficar com as mesmas visões.Apesar do esforço de querer agradar a sua consumidora ainda falta “desapegar” de certos conceitos.Achei desnecessário a Kendall e a Gigi porque elas já são representadas ou melhor elas representam essa mulher linda que nos venderam por tanto tempo (lindas elas são ,só que antes quem não tivesse esses pré requisitos não tinha vez na indústria).Ao invés disso uma outra plus size bem diferente da Ashley e as trans que são constantemente esquecidas.Ou seja de representatividade ainda tá pouco mas para os padrões Vogues já é um avanço.

    • 08 fev 2017 // 16h27

      Eu concordo muito com você! Se for pra ter uma representante, digamos, “clássica” americana, ainda prefiro a bella hadid. E tb acho que deveríamos ter uma modelo trans sim. Só Ashley que eu acho que deveria, pois ela é meu girl crush :)
      Bjs!

  2. 08 fev 2017 // 17h54

    Olha, achei essa capa e essa entrevista uma tentativa de ser inclusiva na questão empoderamento e diversidade mas não vejo isso nas fotos nem a pau. A Ashley é maravilhosa, muito, é plus, mas mesmo assim, cadê as mulheres realmente gordas? As que usam de 44 pra cima? Aí sim seria diversidade. Pagar de inclusiva e realmente não incluir é só jogada pra vender revista.

  3. Deb
    08 fev 2017 // 19h22

    Realmente acho o esforço louvável, ainda mais vindo de uma revista que ama reforçar padrões (não vou fazer a hipócrita, super leio a Vogue mesmo sabendo disso tudo! hihi). Só acho que realmente o elenco poderia ser melhor… Gente, desculpa, mas difícil engolir Kendall e Gigi nesta capa. Elas são o padrão personificado e nem de longe passam a mensagem de ‘celebre sua ap’ – Kendall está cada dia mais entupida de botox e plastificada, enquanto Gigi, autora do textão ‘amo minhas curvas, blá blá blá Whiskas Sachê’, secou todos os quilos possíveis depois de ter o corpo massacrado na internet. E a Vittoria, completamente deslocada? Qual o contexto dela aí? Coerência zero.

    Corajosa de verdade foi a Vogue UK, tão comercial quanto a US, que não só colocou a Ashley Graham sozinha na capa, como também denunciou na carta da editora, em tom indignado, que algumas marcas se recusaram a emprestar roupas quando souberam que ela seria a capa. Não citou as grifes, mas já mandou o recado pros anunciantes. Agora vamos acompanhar dona Wintour, The… Inclusão nos moldes plásticos e standard da Vogue, mas que já é um começo!

  4. Marcela
    08 fev 2017 // 19h56

    Viva Ashley Graham! Viva a diversidade! Só um porém: Gigi é lindíssima, mas poderia tirar umas férias junto com a Kendall. Cansativas

  5. natalha
    08 fev 2017 // 20h13

    The, além de escrever maravilhosamente bem, agora vc também lê pensamento? eu tava pensando exatamente isso quando li vc falando da kendall e da gigi como meninas relativamente normais e com redes sociais normais: elas têm um montante de contatos que dificilmente poderíamos enquadrá-las como meninas “normais” que fizeram sucesso graças as redes sociais!
    apesar de amar mto as Kardashians, acho que elas são bem escravas da beleza, então a kendall não é nem um pouco representativa dessa história de “a nova norma de beleza é não ter norma”, vide a nova chuva de botox em seu rosto e o padrão de beleza rígido que a imagem dela passa.
    Acho louvável a tentativa da revista de adentrar no mundo da diversidade, mas ainda vejo nas entrelinhas uma mensagem mto artificialmente construída, uma coisa pouco genuína e mais de modinha…

  6. Raissa
    08 fev 2017 // 20h20

    A ideia da Vogue foi maravilhosa, mas o que Kendall e Gigi estão fazendo aí??? Parece que a revista quis ousar, mas no fim nao conseguiu desapegar de seus velhos padrões..

  7. luciana*
    08 fev 2017 // 21h21

    Engraçado que nunca colocam uma modelo realmente negra, né? Cadê diversidade?

  8. camila
    09 fev 2017 // 10h10

    The, não querendo ser a chata, mas já sendo, gosto dos seus posts falando sobre feminismo, mas não vejo muito coerência entre eles e seu amor por 50 tons de cinza (por motivos óbvios).
    Achei a capa legal. Baby steps, eles não iam fazer a capa sem as famosas (Gigi e Kendall), mas já é alguma coisa. Só me deu agonia das pernas finas das outras modelos, quando comparadas com as coxas mais vida real da Ashley. heheheh sou mais coxa grossa!

    • 09 fev 2017 // 12h45

      Oi Camila, então, eu mesma já disse aqui que tentei reler o livro uma vez e não consegui justamente por isso. Eu li o livro em 2012, 5 anos atrás, as coisas eram muito diferentes. Hoje em dia vejo mais o filme pela curiosidade e também pq a gente se envolve. E vejo até mesmo pra problematizar, questionar, desconstruir.
      Pq se a gente tiver que cortar tudo da nossa vida que tiver esse caráter machista, por exemplo, não vai sobrar uma música, e não digo só funk, mas também mpb, samba, pop. Se a nossa mente questionadora estiver aberta, ok, caso contrário acho que precisaríamos viver numa ilha hehe. No mais, eu não endosso Johnny Depps da vida, pq aí sim seria equivocado e contra o que pregamos e conversamos aqui.

      Bjs!

  9. Gisele de Fatima Martins de Camargo
    09 fev 2017 // 11h33

    Vogue tentando fazer algo diferente mas sempre caindo na mesmice, enquanto não enxergar que há outra modelos muito mais bonitas e muito mais representantes da diversidade sempre vão cair no padrão cansativo de Kendall e GiGi.

    :kiss: The amo seu blog

  10. 09 fev 2017 // 12h18

    Não tenho uma opinião totalmente formada sobre essa edição, mas até o momento eu achei muito legal.

  11. Eve
    09 fev 2017 // 12h22

    Me desculpem mas não vejo diversidade nenhuma nessa capa! São todas parecidas essas meninas. Cadê a representatividade real? Ashley Graham é realmente a mais maravilhosa de todas, ma na edição(da capa) saiu meio apagada!

  12. Thaeme
    09 fev 2017 // 12h47

    Na próxima edição, provavelmente, muito provavelmente vai ser uma modelo padrão na capa. Então essa história de diversidade, vindo de uma revista como essa, não convence.

  13. 09 fev 2017 // 13h01

    Adoro a Ashley Graham! http://www.alemdolookdodia.com

  14. Paula
    09 fev 2017 // 14h32

    Na boa, provavelmente vou ser apedrejada e tal… Mas acho que a Vogue não coloca modelos “vida real” na capa porque simplesmente isso não vende. É que nem aquela edição da Playboy com a Ashley que era só pra colecionadores. Infelizmente, é assim que funciona.

    • 09 fev 2017 // 16h18

      Sim, concordo com você! Não que a gente concorde com o posicionamento, mas ele existe, é uma demanda do mercado e envolve muito mais coisa que podemos imaginar, até a escolha da modelo x e y na capa tem a ver com patrocinio e tal e isso não é exclusividade da Vogue, toda revista é assim.
      Acho que assim como em outras gerações, mudanças foram feitas aos poucos, mas no final já dá pra notar que estamos sendo ouvidas e isso é um bom sinal, vai da gente continuar a falar!
      Bjs

  15. Ana Luísa
    10 fev 2017 // 08h43

    Minha opinião sobre essa capa é a mesma que a maioria aqui já colocou… Acho ótimo eles estarem tentando serem mais inclusivos, mas pra diversidade, essa capa ainda tá passando longe, vide todas as pernas finas que se encontram na mesma.
    Queria ver uma menina real mesmo, nem gorda, nem magra, outra mais gorda que a Ashley (que na minha opinião tbm nem pode ser chamada de “gorda”), uma negra africana, uma indiana, uma latina, enfim…
    Achei desnecessário Kendall e Gigi, pq elas são apenas mais do mesmo que estão acostumados a publicar. De qqr maneira, o esforço já é válido, mostra que estamos indo por um caminho diferente.

  16. Ana
    10 fev 2017 // 10h58

    Gigi Hadid e Kendall Jen….zzZZZzzzZZZZZ

  17. Jéssica
    10 fev 2017 // 11h35

    Não sei se estou muito loka, mas pra mim estas modelos estão todas iguais hahaha