Gastronomia, Vinho  •  09 abr 2015

VINHO DE QUINTA: POR DENTRO DE RIOJA, NA ESPANHA

Olá, pessoal! Estou aqui novamente para mais um Vinho de Quinta. Espero que esse espaço esteja ajudando a esclarecer dúvidas e facilitando com informações úteis aos que desejam ingressar nesse mundo, mas que muitas vezes se afastam devido ao tal excesso de glamourização e complicação impostas no mercado.

Digo e repito, vinhos, enogastronomia e afins, são tópicos que pelo menos deveriam ser abordados de forma mais simplificada e didática. Para os iniciantes, assuntos relacionados ao vinho muitas vezes são considerados chatos e pedantes pelo fato de receberem as informações numa espécie de dicionário técnico, no qual os autores assumem que os interessados são já conhecidos ou profissionais do ramo. Resumindo, o conteúdo deve ser mais “simpático”, e acima de tudo, acessível. Espero que eu esteja conseguindo transmitir dessa forma :)

Testemunho feito, hoje falarei um pouco sobre a Espanha, com foco em Rioja, região clássica e super conhecida do país, responsável pela produção de vinhos extraordinários. Ao final, darei minhas impressões sobre um rótulo de Rioja que degustei com a Thereza.

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Pois bem, a Espanha é o 3º maior produtor de vinhos do mundo e a prática da viticultura por lá é bem antiga. Há registros sobre o cultivo de uvas pelos fenícios há mais de 3 mil anos. Atualmente, os produtores tem um estilo de produção bem focado no mercado, onde características frutadas, amadeiradas e com mais doçura são apreciadas. E mesmo com uma demanda doméstica considerável, as exportações tem um grande peso, principalmente para EUA, Alemanha e Inglaterra. Porém, há aqueles produtores mais tradicionais que continuam a fazer seus vinhos à moda clássica.

No Brasil, os vinhos espanhóis se tornaram um grande sucesso de vendas, e a cada dia as importadoras colocam em seus portfólios novos produtores e vinhos com preços bem atraentes.

O país possui diversas regiões vinícolas com aspectos particulares. Rioja, Priorato, Navarra, Cataluña, Toro, Bierzo, Aragon e a badaladíssima Ribeira del Duero são apenas algumas. Após a entrada na União Européia, a legislação de vinhos na Espanha sofreu algumas modificações e ficou mais específica com relação às denominações, que funcionam como selo de qualidade das regiões produtoras, que vão desde os Vinhos de Mesa (VDM) até os vinhos com Denominación de Origen (DO) e vinhos com Denominación de Origen Calificada (DOCa).

No fim das contas, as D.O e D.O.Ca são as classificações que passam por critérios mais restritos. Na hora de “ler” um rótulo na prateleira de uma loja, estas siglas podem ser um indicador qualitativo.

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O vinho de hoje é de Rioja, região mais tradicional da Espanha, situada ao norte do país. Lá são produzidos uma infinidade de vinhos e a principal uva da região, e de toda a Espanha, é a Tempranillo (apesar de existir uma boa variedade de uvas espanholas), cepa de casca grossa e amadurecimento rápido que faz vinhos maravilhosos e que se comportam muito bem com amadurecimento em carvalho, trazendo sabores tostados e que por muitas vezes lembram doce de coco queimado.

A Tempranillo também é bem cultivada na Argentina, Califórnia, Portugal conhecida como Aragonês entre outros, mas é na Espanha que ela mostra toda a sua força.

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Tobelos Crianza 2008: Trata-se de um vinho da DOCa Rioja elaborado com 100% Tempranillo. Vocês podem se perguntar: mas o que é Crianza? Bem, na Espanha existem algumas normas referentes à classificação dos vinhos de acordo com seu envelhecimento e maturação.

No caso específico de Rioja, as mais utilizadas e que vocês podem ver nos rótulos dos tintos são:  Crianza, Reserva e Gran Reserva. Cada uma caracteriza-se por um período estabelecido de envelhecimento em barris de carvalho e em garrafa, dentro das próprias caves, antes de ser comercializado.

Os Crianzas precisam de pelo menos 1 ano em madeira e mais 1 em garrafa. Os Reservas, pelo menos 1 ano em madeira e 2 nas caves. Os Gran Reservas, pelo menos 2 anos em barris de carvalho e 3 em garrafa.

No caso, nosso vinho é um Crianza envelhecido por 13 meses em barricas de carvalho francês, americano e do centro da Europa e com 13% de teor alcoólico.  Esse vinho tem cor rubi translúcido, brilhante, no nariz é fácil reconhecer ser um espanhol, em especial de Rioja. Aromas bem frutados com notas de cereja preta, ameixa seca e geléia de morango, tostado, coco queimado, baunilha e chocolate.

Girando a taça, as frutas ficam mais aparentes e dá até pra aparecer um pouquinho de menta. Na boca (nunca esquecendo de “mastigar”, bochechar, deixar o vinho “passear”) traduz-se no vinho fresco, com boa acidez, com bastante fruta madura e os aromas tostados da madeira. Possui álcool sem incomodar e um final longo e gostoso. Recomenda-se abrir a garrafa pelo menos uma hora antes de começar a degustar, pois é bom pra oxigenar o líquido e revelar seus aromas.

Ótimo vinho para conhecer um pouco da Rioja. Produzido pela Bodega Tobelos, vinícola com uma pegada bem moderna e que aposta em vinhos produzidos para satisfazer aos mais diversos paladares. Comprei na Enoeventos por R$71, um excelente preço e rótulo que agradará aos mais diversos paladares.

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Acredito que falando um pouco de cada região ou país produtor, vocês poderão notar suas particuliaridades e se direcionar de forma mais acertada para os vinhos que mais se identificarem. A Espanha, principalmente Rioja, pode ser a melhor porta de entrada para os vinhos Europeus, tanto por seu paladar mais fácil de entender e gostar, bem como pela grande oferta de espanhóis existente no mercado. Pesquisem e procurem por vinhos da uva Tempranillo e se tiverem alguma dúvida, podem perguntar! Aceito sugestões para um próximo país ou região!

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20 comentários em "VINHO DE QUINTA: POR DENTRO DE RIOJA, NA ESPANHA"
  1. 09 abr 2015 // 22h36

    oi the, oi rodrigo, nao entendo de vinhos porque nunca tomei kk :( quem viaja muito é uma baita oportunidade para conhecer, para mim é impossivel sair do Brasil entao me satisfiz com o link do site que vende, é confiavel ne rô… o que vc gostou é bem baratinho, experimentar em ocasiao especial, tentar ne pq alcool é coisa de outro mundo para mim, nao gosto mesmo, me desanima D:
    rô, the, me conheçam também:
    Gilvaniaevans.com

  2. MARIA LUIZA
    09 abr 2015 // 23h03

    Adorei o post, bem didático, já fiquei com vontade de experimentar!

  3. blanca
    10 abr 2015 // 05h30

    Excelente artigo! :ok_hand:

  4. Marcela
    10 abr 2015 // 08h49

    Não entendo esta tabela com as taças. Como se faz a leitura? Obrigada!

    • Rodrigo
      20 abr 2015 // 17h42

      Olá,

      a tabela de taças é um indicativo da intensidade de cada característica. Por exemplo, na linha pouca madeira X muita madeira, quanto mais taças coloridas aparecer, maior a intensidade de madeira no vinho e por ai vai.

  5. Mari
    10 abr 2015 // 08h51

    adorei a dica! ;)

    The, essa semana faltou o post da viagem na Califórnia. estou ansiosa pelas dicas de Big Sur! rs
    bjs

  6. Ingrid B
    10 abr 2015 // 10h55

    Adoro os vinhos Rioja! Mais uma vez, post super bem escrito, esclarecedor e acendedor de vontade de tomar vinho. Colaboração super luxuosa no Fashionismo! Sempre fico aguardando as dicas de vinho. Parabéns!

  7. Juliane Martinello
    10 abr 2015 // 11h20

    Oi Rodrigo!
    Adoro seus posts. Amo tomar vinho mas nunca fui atras pra saber o que estava bebendo kkk Mas agora estou começando a entender e até indo pesquisar mais sobre.
    Gosto mto das dicas de vinhos que tu posta, mas ainda acho eles mto caros (claro que para uma ocasião especial acho super válido!!). Tem como fazer uma seleção com vinhos de até R$50,00?
    Eu gosto bastante dos vinhos da serra gaúcha, até já visitei algumas vinícolas e são bem legais… Poderia rolar um post tbm com os nacionais.

    obrigada :blush:

    • Rodrigo
      20 abr 2015 // 17h38

      Olá,

      com certeza há ótimas alternativas ate R$ 50,00. Uma boa dica de Rioja é o Antaño Crianza. No Rio, ele é vendido no Mundial por R$ 35,00 e com certeza vale a compra.

  8. 10 abr 2015 // 19h39

    Minha região preferida :heart:
    Acho sensacional o cuidado que eles têm com a regulamentação. Aliás, o Crianza de lá é mais envelhecido que os de Ribeira Del Duero, né?
    Costumo dizer que os vinhos de lá são os vinhos “sem erro” porque costumam agradar homens e mulheres, quem gosta de mais amadeirado e quem gosta de mais frutado!!
    Posso deixar uma sugestão de post? Lojas online de vinhos! Tenho meio medo de comprar e o vinho ser “mal tratado” no envio…

    • Rodrigo
      20 abr 2015 // 17h34

      Olá,
      Realmente a regulamentação para envelhecimento de Rioja é mais exigente do que em Ribeira.
      Existem várias lojas on line que “tratam”bem dos vinhos na entrega. A wine.com.br é um exemplo. Geralmente sites diretos de importadora possuem um bom armazenamento também.

  9. Thaisa
    10 abr 2015 // 23h01

    Uma dica, vinhos mais exóticos, como os da Sérvia e posts com vinhos nacionais.

  10. Carla
    11 abr 2015 // 11h05

    Estou amando cada vez mais o vinho de quinta <3 O Rodrigo está arrasando :) Muito bacana a ideia de contextualizar o vinho com a regiao produzida, porque aí podemos entender mais sobre a producao de cada rótulo. Se possivel, continue sempre explicando as nomenclaturas e talz :) Sempre me perco com os "reserva, reservado, Gran reserva" e outras coisitas más. Parabéns!

  11. tatiana
    11 abr 2015 // 12h36

    Nossa, muito bacana seu post!!! Adoro saber mais sobre vinhos e está sendo bem didático. Obrigada :relaxed:

  12. liv
    14 abr 2015 // 19h13

    Muito bom o post!
    Fiquei com uma dúvida. Quando você fala que um vinho tem nota de baunilha, ameixa, qualquer coisa, essas frutas são mesmo adicionadas à ‘mistura’?

    • Rodrigo
      20 abr 2015 // 17h51

      Olá,

      de fato é uma dúvida comum. As pessoas ainda ficam meio confusas com tantas descrições de sabores diferentes. Na verdade o vinho é produzido apenas com uvas e leveduras para fermentação, com exceção dos vinhos fortificados, mas isso é tema pra outro post. As uvas que produzem vinhos finos são diferentes das uvas de mesa, aquelas que compramos no mercado, e após a fermentação o líquido fermentado geralmente apresenta aromas de frutas vermelhas e negras (ameixa, amora, cereja etc…). Nem é comum encontrarmos sabores de uva. Já os sabores de baunilha, chocolate e etc, são chamados de secundários, pois são provenientes da madeira na qual o vinho envelhece. Resumindo, uvas para vinhos finos podem ter uma infinidade de aromas e sabores dependendo da forma que forem vinificadas e das características de clima e solo da região.

    • liv
      26 abr 2015 // 17h35

      Valeu!! Adorando a seção ;)

  13. Talita
    25 abr 2015 // 16h03

    Rodrigo, adorei o post. Fala mais dos espanhóis, tô indo agora para a Espanha e quero dicas! Adoro vinho, sempre vou conhecer as vinícolas nas viagens, mas não entendo ainda do assunto. Nem sabia que a uva da região era a Tempranillo…ou seja, só sei beber e identificar um ou outro aroma.

    • Rodrigo
      25 abr 2015 // 23h36

      Olá,

      ótima viagem! Me diz que lugares pretende visitar que eu te dou umas dicas de boas vinícolas.

  14. Jucelia
    09 maio 2017 // 15h54

    Interessante